A história do vidro

Embora os historiadores não disponham de dados precisos sobre a origem do vidro, objetos de vítreos foram descobertos nas necrópoles egípcias, por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã e que fora descoberto de forma casual. Alguns autores apontam os navegadores fenícios como os precursores da indústria do vidro. Ancorados em uma praia da costa da Síria, os fenícios improvisaram uma fogueira utilizando blocos de salitre e soda e, algum tempo depois, notaram que do fogo escorria uma substância brilhante que se solidificava imediatamente. Ali nascia o vidro.

Apenas próximo ao ano 100 a.C., as técnicas de fabricação se desenvolveram. Foi quando os romanos começaram a utilizar o sopro, dentro de moldes, na fabricação do vidro, o que possibilitou sua produção em série. O apogeu desse processo se deu no século XIII, em Veneza. Após incêndios provocados pelos fornos de vidro da época, a indústria de vidros foi transferida para Murano, ilha próxima de Veneza. As vidrarias de Murano produziam vidros em diversas cores, um marco na história do vidro, e a fama de seus cristais e espelhos perduram até hoje. Até 1900, a produção dessa matéria-prima ainda era considerada uma arte quase secreta.

A França já fabricava o vidro desde a época dos romanos. Porém, só no final do século XVIII foi que a indústria prosperou e alcançou um grau de perfeição notável. Em meados desse século, o rei francês Luís XIV reuniu alguns mestres vidreiros e montou a Companhia de Saint-Gobain, para que fossem feitos os espelhos do Palácio de Versalhes na França, uma das mais antigas empresas do mundo e hoje uma companhia privada.

A indústria moderna do vidro surgiu com a revolução industrial e a mecanização dos processos. Em 1952, na Inglaterra, a Pilkington desenvolveu o processo para produção do vidro Float, conhecido também como cristal, que revolucionou a tecnologia dessa próspera indústria.

 

No Brasil

A história da indústria do vidro no Brasil iniciou-se com as invasões holandesas no período entre 1624 e 1635, em Olinda e Recife (PE), onde a primeira oficina de vidro foi montada por quatro artesãos que acompanhavam o príncipe Maurício de Nassau. A oficina fabricava vidros para janelas, copos e frascos. Com a saída dos holandeses, a fábrica fechou.

O vidro voltou a entrar no mapa econômico do país a partir de 1810, quando, em 12 de janeiro daquele ano, o português Francisco Ignácio da Siqueira Nobre recebeu carta régia autorizando a instalação de uma indústria de vidro no Brasil. A fábrica instalada na Bahia produzia vidros lisos, de cristal branco, frascos, garrafões e garrafas. Ela entrou em operação em 1812. Em 1825, fechou em função das grandes dificuldades financeiras.

Em 1839, um italiano, de nome Folco, fundou no Rio de Janeiro a fábrica Nacional de Vidros São Roque, com 43 operários italianos e brasileiros, com fornos a candinhos e processo inteiramente manual. Essa fábrica sofreu a concorrência das importações de produtos da Europa e sobras de consumo que eram vendidas a qualquer preço. Já em 1861, a indústria vidreira brasileira apresentou os seus produtos na exposição nacional na Escola Central, no largo São Francisco, no Rio de Janeiro.

Em 1878, Francisco Antônio Esberard fundou a fábrica de Vidros e Cristais do Brasil em São Cristóvão (RJ). A fábrica trabalhava com quatro grandes fornos e três menores e com máquinas a vapor e elétrica. Fabricava vidros para lampiões, janelas, copos e artigos de mesa e importava suas máquinas da Europa para fabricar garrafas e frascos. O seu cristal era comparado ao da tradicional Baccarat. A fábrica empregava 600 pessoas entre operários e artistas do vidro e esteve ativa até 1940. Outra fábrica de destacada presença foi a Fratelli Vita, da Bahia, fundada em 1902, que produziu garrafas para sodas e refrigerantes e cristais de qualidade.

Até o século XX, a produção de vidro era essencialmente artesanal, utilizando os processos de sopro e de prensagem, sendo as peças produzidas uma a uma. Foi a partir do início do século XX que a indústria do vidro se desenvolveu com a introdução de fornos contínuos para a recuperação de calor e equipados com máquinas semi ou totalmente automáticas para produções em massa.

Em 1982, a indústria francesa Saint-Gobain e a inglesa Pilkington uniram suas forças para construir a primeira fábrica de vidro float do Brasil, a Cebrace, na região do Vale do Paraíba, no estado de São Paulo.

A primeira linha foi construída em Jacareí (SP) em 1982, a segunda em Caçapava (SP) em 1989, e a terceira também em Jacareí, em 1996. Em 2004, a Cebrace inaugurou sua quarta linha em Barra Velha (SC). Em 2012, o C5 entrou em atividade em Jacareí com a capacidade produtiva de 920 t/dia. Juntas, as cinco unidades produzem 3.600 t/dia.

Em 2013, a Cebrace inaugurou a primeira linha de espelhos da América Latina capaz de produzir em jumbo e investiu no maior coater dos grupos NSG/Pilkington e Saint-Gobain agora no Brasil, responsável pela produção de vidros de proteção solar e seletivos.

Definição

O vidro é uma substância inorgânica, homogênea e amorfa, obtida através do resfriamento de uma massa em fusão. Suas principais qualidades são a transparência e a dureza. O vidro tem incontáveis aplicações nas mais variadas indústrias, dadas suas características de inalterabilidade, dureza, resistência e suas propriedades térmicas, ópticas e acústicas, o que o faz um dos poucos materiais ainda insubstituível, estando cada vez mais presente nas pesquisas de desenvolvimento tecnológico para o bem-estar do homem.